Como o próprio nome diz a HPB (hiperplasia prostática benigna) é o crescimento não canceroso da próstata. Esse aumento de volume se dá principalmente na parte interna da glândula e por isso comumente apresenta sintomas associados.
Os principais sintomas relacionados a Hiperplasia Prostática Benigna são:
Diminuição ou interrupção do jato urinário
Hesitância - dificuldade em iniciar a micção
Urgência miccional - vontade súbita e urgente de urinar
Sensação de esvaziamento vesical incompleto
Gotejamento ao final da micção
Aumento do tempo para terminar a micção
Diminuição no intervalo entre as micções - comumente menos de 4 horas
Aumento do número de vezes que acorda a noite para urinar - 2 ou mais vezes
Incapacidade de conter a urina - incontinência urinária
A presença da HPB está intimamente relacionada com a idade. Cerca de metade dos homens com 50 anos ou mais terão este crescimento benigno da próstata. Alguns necessitarão de tratamento e outros não. Uma avaliação criteriosa do urologista irá identificar se existem sinais de obstrução da via urinária que possam comprometer a saúde do paciente e então motivem o tratamento. Essa investigação deve se iniciar aos 40 anos de idade ou em pacientes que apresentem os sintomas acima descritos.
A falta de tratamento do HPB por vários anos pode culminar com complicações como:
Retenção urinária pela oclusão completa da uretra
Infecção do trato urinário - a urina retida serve como meio de cultura para o crescimento de bactérias que causam a infecção
Sangramento na via urinária - uma próstata de dimensões aumentadas necessita de maior quantidade de vasos para sua nutrição e estes vasos podem se romper com mais facilidade.
Formação de cálculos no interior da bexiga - a urina represada na bexiga predispõe a sedimentação dos cristais formando cálculos.
Falência renal - à medida que a bexiga necessita de aumentar sua pressão para expulsar a urina, isso pode se transmitir para os rins levando a perda do funcionamento renal.
Após uma conversa com o seu urologista ele pode lançar mão de alguns exames para avaliação da dinâmica urinária e necessidade de tratamento. Os exames mais utilizados em uma avaliação inicial são o exame digital do toque retal, exame sanguíneo do PSA (Antígeno Prostático Específico), ultrassonografia da próstata e urofluxometria.
O Exame do toque retal, além de ajudar na exclusão de tumores malignos, também permite uma avaliação do tamanho e consistência da próstata e sempre deve ser realizado na avaliação inicial.
Já o PSA é um exame de sangue que quando alterado, ajuda na avaliação de outras causas que possam justificar os sintomas do paciente, como o câncer de próstata e prostatites.
A Ultrassonografia permite avaliação do tamanho da próstata, mas mais do que isso consegue nos dar um parâmetro dinâmico de como está o esvaziamento da bexiga, através da avaliação do volume de urina retido após a micção. Auxilia também no diagnóstico de complicações do HPB como a presença de cálculos de bexiga e dilatações nas vias urinárias.
Por último a urofluxometria é um exame simples, não invasivo em que o paciente irá urinar em um vaso sanitário que tem uma balança. Permitindo a confecção de um gráfico que nos mostra como está a força da micção, se tem interrupções, se a micção está prolongada, dentre outros parâmetros.
É importante lembrar que alguns cuidados precisam ser tomados antes da realização de cada exame para que eles possam realmente refletir o que acontece no dia a dia do organismo do paciente.
Em casos selecionados é indicado a realização do estudo urodinâmico. Neste exame é colocado uma sonda fina pela uretra e outra pelo ânus para medir as pressões no interior da bexiga e do abdome. É realizado o enchimento da bexiga com soro fisiológico, feitas algumas manobras como tosse, e quando o paciente estiver com a bexiga confortavelmente cheia ele realiza a micção. Com isso, são traçados gráficos onde o médico consegue avaliar a dinâmica de funcionamento do trato urinário e relacionar os sintomas com alterações específicas.
O tratamento da HPB deve ser realizado sempre que o paciente apresentar sintomas atribuíveis a algum grau de obstrução da via urinária pelo crescimento da próstata. É importante notar que o crescimento da próstata ocorre de maneira gradativa e lenta ao longo de vários anos. O que faz com que muitos homens se acostumem com alterações urinárias, como diminuição do fato urinário e acordar a noite para urinar. Muitas vezes atribuindo-as ao próprio envelhecimento e retardando o diagnóstico e tratamento da HPB.
O tratamento do HPB pode ser feito de maneira medicamentosa ou cirúrgica.
1. A terapia medicamentosa para a HPB tem dois objetivos primordiais
2. Alívio dos sintomas decorrentes da obstrução urinária
Redução do volume prostático com diminuição do esforço realizado pela bexiga para esvaziamento vesical, mantendo assim a integridade da bexiga e dos rins.
Atualmente existem duas classes de medicamentos que atuam melhorando os sintomas urinários. Os alfa-bloqueadores (Ex: doxazosina, tansulosina) e os inibidores de 5 fosfodiesterase tipo 5 (Ex: tadalafila). Essas drogas atuam relaxando na musculatura da próstata e do colo vesical e consequentemente aumentando o diâmetro do canal urinário que passa dentro da próstata.
Já os inibidores de 5 alfa redutase (Ex: finasterida e dutasterida) são as drogas que atuam diminuindo o volume prostático. É esperado uma redução de até 30% do volume da próstata após 6 meses de tratamento. Essa classe de medicamentos é a única que impede a evolução natural da doença. Portanto, quando optado por tratamento medicamentoso o mesmo deve ser contínuo, mesmo que ocorra melhora dos sintomas.
O tratamento medicamentoso da HPB é bem tolerado pela maioria dos homens. Porém como qualquer medicamento podem ocorrer eventos adversos que em algumas situações limitam o uso das medicações.
Um evento que é comum nas 3 classes de medicamentos mencionadas são as alterações gastrointestinais como constipação (intestino preso), diarreia, dispepsia (dor abdominal) e queimação.
Outro evento que pode gerar apreensão por parte do paciente é a ejaculação retrógrada. Que se manifesta como uma diminuição do volume de esperma ejaculado ou até ausência do mesmo. Isso ocorre porque o relaxamento da musculatura da próstata e do colo vesical, faz com que o esperma vá preferencialmente para a bexiga no momento do orgasmo. Sendo posteriormente eliminado pela urina sem o paciente perceber. A presença do esperma na bexiga não gera nenhum prejuízo à saúde do homem. Porém, caso o paciente ainda não tenha a prole constituída e pretenda engravidar a parceira, métodos alternativos devem ser avaliados, pois a ejaculação retrógrada pode dificultar uma gravidez natural. Este evento também pode acontecer com as 3 classes de medicamentos.
O uso de inibidores de 5 alfa redutase (finasterida e dutasterida) diminui a di-hidrotestosterona DHT, um hormônio que este intimamente relacionado às características biológicas masculina, podendo levar e diminuição da libido e disfunção erétil.
Existem várias modalidades de tratamento cirúrgico da HPB, porém todas tem o objetivo de desobstruir a uretra prostática para que a urina possa ser eliminada sem um grande esforço da bexiga.
Popularmente conhecida como “raspagem da próstata”, este é o procedimento mais utilizado para tratamento da HPB. Neste procedimento foi realizada a retirada da porção mais central da glândula para que a urina seja eliminada sem dificuldades.
Após a cirurgia o paciente fica com uma sonda vesical pela uretra, por onde entrará um soro para fazer a irrigação vesical. Esta irrigação é importante para permitir a cicatrização adequada da próstata, pois apesar de não haver corte ou cicatriz na pele, há corte no interior da próstata. Esta irrigação permanece até que não tenha mais sinais de sangue na urina. Em seguida a sonda é retirada e o paciente vai de alta hospitalar.
Em algumas ocasiões o paciente necessita ir de alta com a sonda vesical para permitir uma melhor cicatrização da uretra.
Apesar de ser o procedimento mais utilizado para tratamento da HPB, existem algumas limitações que impedem que todos os pacientes sejam elegíveis a esta técnica. Homens com próstatas muito volumosas (habitualmente >80 gramas) podem ser melhor enquadrados em outras modalidades de tratamento, pois o tempo necessário para realizar toda a ressecção aumentaria o risco de complicações como intoxicação hídrica e sangramento. O uso de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários deve ser descontinuado antes deste procedimento, portanto, pacientes que carregam maior risco na interrupção destas medicações podem se beneficiar de outras técnicas como o Greem laser.
A adenomectomia consiste na retirada em bloco de toda a região central da próstata. Ela é indicada para próstatas volumosas (>80 gramas) e pode ser realizada por via aberta, laparoscópica e robótica.
O advento da cirurgia robótica trouxe grandes avanços nesta técnica, permitindo uma desobstrução mais eficiente, com menor risco de sangramento, menores índices de infecção, incisões mais estéticas e recuperação mais rápida, com a maioria dos pacientes indo de alta no primeiro dia após a cirurgia.
Outras modalidades de tratamento estão sendo desenvolvidas como: embolização prostática, enucleação endoscópica, Greem laser, Holep, grampeamento prostático com Urolift e até stents uretrais prostáticos. No entanto, ainda são restritas a grandes centros e para tratamento de casos selecionados.
A hiperplasia prostática benigna é uma condição que atormenta a maioria dos homens. Portanto, deve ser diagnosticada e tratada de maneira precoce, garantindo a preservação das funções fisiológicas, e permitindo uma vida saudável e longeva.
Se você é homem e tem mais de 40 anos, agende com seu urologista e faça sua avaliação prostática.
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