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A Active surveillance(observação ativa) é a estratégia menos invasiva para abordagem de cânceres renais. Dr Lucas Furtado explica em que casos ela pode ser usada e como deve ser feito o acompanhamento.


O que é Active Surveillance?

É uma estratégia de observação de tumores renais em que são realizados exames de imagens periódicos para avaliar as características de agressividade do tumor, podendo retardar ou mesmo evitar tratamentos mais agressivos como cirurgia. Nem todas as massas renais são malignas e mesmo os tumores quando pequenos tem um baixo risco de progressão e disseminação. Nestes casos o risco de uma intervenção cirúrgica pode superar o risco do tumor em si, fazendo da observação ativa uma alternativa racional. Para alguns pacientes nenhum tratamento será necessário e para outros, certos gatilhos podem indicar uma terapia adicional apropriada.

“Pacientes com tumores menores que 2cm são os ideais para Active Surveillance, pelo baixo risco de progressão durante observação, no entanto até 4cm em alguns casos podem ser observados de maneira segura. “

Quem são os melhores candidatos para a observação ativa de tumores renais ?

Função renal já prejudicada: pacientes que já têm algum grau de deterioração da função renal podem se beneficiar de uma terapia conservadora. Mesmo com a realização de enucleações onde se preserva ao máximo a parte sadia do rim, qualquer abordagem renal invariavelmente leva a perda de unidades funcionais filtrativas.
Formas hereditárias de câncer renal: Pacientes com Síndrome de Von-Hippel-Lindau , Sd de Birt-Hogg-Dubé, Sd de Cowden, Esclerose tuberosa e outras que aumentam o risco de tumores renais múltiplos. O diagnóstico dessas síndromes é feito por testes genéticos e o seguimento de tumores renais é feito até 3 cm.
Idosos com saúde frágil: podem retardar o tratamento até estabilização clínica ou por vezes seguirem sem terapia efetiva com intenção curativa.
Tumores císticos; principalmente de classificação Bosniak 3 que apresentam um risco menor de progressão podem ser seguidos e até que mudem de características ou o paceinte desenvolva o desejo de realizar tratamento efetivo.
Pacientes com problemas agudos de saúde: como infarto recente ou necessidade de uso de anticoagulação recente por eventos trombóticos podem retardar o tratamento diminuindo o risco de complicações relacionadas ao procedimento.

Como é feito o seguimento dos pacientes em Active Surveillance?

O primeiro passo é realizar um estadiamento minucioso com exames de tomografia de tórax, abdome e pelve para se certificar de que o tumor não se espalhou para outros orgãos e de que o paciente não tem outros tumores. São realizados exames de sangue e urina para monitorar condições de saúde geral e a função renal. Por se tratar, na maioria das vezes, de massas de pequenas dimensões < 2cm e por ser uma técnica que não emite radiação geralmente escolhemos fazer o seguimento com exame de ressonância de abdome. A periodicidade é a cada 3 a 6 meses por 3 anos e em seguida anualmente por 10 anos.

O tumor pode se espalhar com metástases enquanto realizo a observação ativa?

A resposta para esta pergunta infelizmente é SIM. Apesar deste risco ser muito baixo <1% para tumores < 2cm, ele existe e deve ser discutido com seu urologista. Cada paciente é único, com suas expectativas e seus anseios e deve ter isso sempre levado em conta.

Quando o paciente pode necessitar de um tratamento além da Active Surveillance?

Os principais definidores da necessidade de uma terapia ativa são o crescimento do tumor maior ou igual a 5mm e mudanças nas suas características como aumento do componente sólido, calcificação, necrose central e outros. Qualquer mudança deve motivar um tratamento efetivo e não postergar o seguimento fazendo exames desnecessários.

** Para se beneficiar da estratégia de Active Surveillance é crucial que o paciente tenha um comprometimento com a realização dos exames e consultas na periodicidade necessária. A possibilidade de perda do seguro de saúde, ou de mudança para local sem assistência médica adequada, pode ser um motivador para a realização do tratamento definitivo. **